segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Circuito de Rabo de Peixe



Na manhã do passado domingo, decorreu, na ilha de São Miguel, o Circuito de Rabo de Peixe organizado pelos amantes de velocidade e automóveis rabopeixenses .
Com o apoio da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, o palco desportivo teve encontro marcado na Canada da Meca onde todos os 54 participantes – desde motos a quads passando por automóveis e karts, incluindo um jipe - se reuniram e se desafiaram.
O circuito em questão contou com um perímetro de 1,300m e foi delimitado segundo o acordo da regulamentação internacional em vigor.
A empresa MB Gouveia levou a cabo uma outra iniciativa: um concurso online que permitiu a duas jovens, por um dia, e no final do circuito, a experiência de co-drivers ao lado dos Pilotos Ruben Santos e J. Farias.

Cláudia Martins un World Peace Journal, Novembro 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Entrevista a Raimundo Delgado

Já teve de abandonar a sua terra natal à procura de um futuro melhor, já viveu uma experiência de terror em Timor Leste, já publicou um livro e fundou um jornal apologista da paz.
Raimundo Delgado: vive no que ensina e no que ama; deixa em tudo a sua marca. Apesar de lhe ter sido diagnosticado, muito recentemente, cancro no pâncreas que se expande para o fígado e intestinos, encontra-se em paz e muito tranquilo.
Vamos aplaudir e conhecer mais um pouco deste homem que soube lutar por um ideal, por um sonho.




Com o intuito de investigar, em 1991, o massacre, a cerca de 200 jovens, cometido em Timor Leste foi preso, maltratado e ameaçado de morte. Em que aspectos, esta situação, mudou a sua vida?
A experiência de terror que vivi em Timor Leste mudou a minha vida, mas nada se compara com o que os nossos irmãos Timorenses passaram. Sinto pena que os meios de comunicação (tanto locais, nacionais como internacionais) nada fizeram no princípio do que se passou em Timor Leste e, em termos gerais, por ignorarem a minha missão de jornalista independente. Cada um de nós, cidadãos, tem de velar pelo bem-estar dos nossos irmãos: não importa onde estejam neste pequeno planeta.

“Ter que imigrar é o mesmo que ser condenado à guilhotina”, afirmou no seu romance Fogo na Areia, assim sendo, sente-se sempre dividido entre os Açores e a América?
Imigrar sempre foi uma alegria para aquelas famílias que conseguiam uma carta de chamada e certo dia abandonavam tudo: a família, a aldeia, os amigos, os cheiros e as pessoas que preenchiam o seu dia o dia. Mas nós, imigrantes, pagámos um preço incalculável quando abandonamos o nosso torrão natal. Imigrar é um crime. É o mesmo que enviar uma pessoa para o desterro, onde a primeira coisa que nos tiram são os nossos nomes, a nossa dignidade e o nosso joie de vivre.

"Pagámos um preço incalculável quando abandonamos o nosso torrão natal!"

Fogo na Areia é uma aldeia imaginária por si forjada: quais os valores que tenta defender e enaltecer com a construção da mesma?
Fogo na Areia é a minha aldeia, o paraíso que criei tal como Gabriel Garcia Márquez o fez com o seu Macondo, no seu livro Cien Anos de Soledad. Quem conhece o Livramento, São Roque e freguesias circunvizinhas de São Miguel, Açores, verá que o Fogo na Areia é baseado essencialmente naquelas áreas onde a minha mãe e o meu pai nasceram e onde me criei até aos 15 anos de idade.

A sua obra poética Mar de Orquídeas foi inspirada e dedicada a uma musa que o acompanhou em pensamento durante 30 meses. Conte-nos a peripécia que a envolve.
Nunca escrevi poesia, mas quando procurava a minha segunda esposa corri o mundo inteiro e encontrei uma mulher brasileira que captou a minha atenção; a certa altura apercebi-me que estava envolvido num triângulo traiçoeiro. Esta experiência motivou-me a escrever poesia. Por fim, fui à ilha de Cebu, nas Filipinas, e encontrei a minha esposa com quem estou casado há três anos.

O que o motivou a fundar o World Peace Journal?
Fundei o World Peace Journal, há um ano, por três razões: promover a paz, dar a oportunidade a todos os escritores que queiram publicar em qualquer língua e para dar a oportunidade, a mim próprio, de publicar os meus trabalhos que enviava para os jornais americanos e portugueses, na América, e que frequentemente eram censurados e não publicados.

"Os meus trabalhos(...)eram censurados e não publicados."

Considera-se uma pessoa sedenta de justiça e de paz no mundo?

Penso que todos nós: temos a obrigação de velar pela justiça e paz em qualquer parte do mundo.

Comente esta citação de Dalai Lama: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.”.
Concordo plenamente. As nossas vidas devem ser como faróis de amor, paz e carinho para todos os que fazem parte da nossa família, círculo de amizades e, especialmente, para aqueles que não conhecemos.

Cláudia Martins in World Peace Journal, Novembro (2011)

terça-feira, 7 de junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Energia a fluir (Parte I)


Como que olhos que se tornam lúcidos – e com o relógio a mover-se interruptamente – fomos emanados do interior do nevoeiro.

- Vamos sentar-nos numa daquelas mesinhas, escolham à vontade! – Depois de instalados, continuou. – O que nos trouxe aqui?

O nevoeiro ao nosso redor vestia a lagoa que naquele dia, como em tantos outros, assumia, destemidamente, um papel místico.

- A energia! – Não hesitei em responder-lhe.

- Muito bem, muito bem! A energia… a energia… - Duplicou as mesmas letras do alfabeto, que eu unira para lhe responder, dançando-as com um sorriso. - Como é que conheceram o Reiki? – Voltou a interrogar-nos enquanto pássaros se de nós aproximavam. – Eles querem ouvir a nossa conversa… - Acrescentou.

- Fiquei a conhecer o Reiki durante uma conversa com um amigo, que me recomendou praticá-lo. – Por fim, após contemplarmos os pássaros de tons azulados, voltei a responder-lhe.

- Muito bem! – Ofereceu-nos, de novo, um semblante tranquilo, sereno e de júbilo; confirmei sem oscilar: fora este o Mestre que atraíra através da Lei da atracção; finalmente desvendei-lhe o rosto e associei-lhe a um nome: Romualdo Farias. – Sabem o que significa Rei? – Respondeu-nos, logo após lançar a questão. – Significa Universo e Ki significa a nossa Energia, a Energia Vital de cada um de nós.

Depois de uma breve introdução e localização histórica (de referir que o Reiki fora redescoberto, em 1922, no Japão, por Mikao Usui.) o tempo impediu-nos de permanecer-nos ao ar livre.

Foto: Google
Agradecimentos: ao Mestre Romualdo Farias e à ZenSations Clinic - Namastê


Cláudia Martins, World Peace Journal

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Genuíno Madruga lança o seu primeiro livro


Genuíno Madruga – o primeiro português a dar a volta ao mundo em solitário – lança no dia 31 de Maio, pelas 19h30, em São Miguel, o seu primeiro livro intitulado de “O Mundo Que Eu Vi”; esta obra que narra as peripécias da sua segunda volta ao mundo, inicialmente, foi lançada na Ilha do Faial e irá contar com apresentações, para além das ilhas açorianas, nos Estados Unidos da América, Canadá e Brasil.

Esta obra será apresentada, na ilha mais verde do arquipélago açoriano, por Sidónio Bettencourt.

Fotografia: Google

Cláudia Martins, In World Peace Journal

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Festas do Senhor Santo Cristo


Hoje, dia 27 de Maio, a abertura das luzes na cidade de Ponta Delgada (São Miguel, Açores, Portugal) inaugura as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres; festas que se estendem até ao próximo dia 2 de Junho.

No dia 29, a tradicional procissão - o ponto mais alto de toda a celebração - reúne um grande número de peregrinos e fiéis que, em nome da sua crença e promessas, percorrem as ruas da cidade micaelense.

Foto: Ana Sofia Sousa

Cláudia Martins, In World Peace Journal

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Exposição de Trabalhos Manuais



De 16 a 20 de Maio de 2011, esteve patente - na Escola Secundária Domingos Rebelo - uma exposição de trabalhos práticos elaborados a quando da disciplina de Educação Tecnológica. Aberta a toda a comunidade escolar e meio envolvente, juntou trabalhos - ao longo de um ano lectivo - de alunos do 7º e 8º anos de escolaridade - nomeadamente das turmas A, B, C, E, F, G, I e K - sob a docência de Fernanda Carreiro, Judite Amaral, Fernanda Viveiros, Ana Maio, Carmo Coelho e Patrícia Andrade.

Nesta louvável iniciativa, encontrámos - nos trabalhos expostos - várias técnicas de trabalho manual como a técnica do guardanapo, empregada na decoração de velas, peças de vidro e objectos de madeira; a técnica de craquelê aplicada em telas, velas e, igualmente, em objectos de madeira; a técnica de pintura em tecido e o ponto de Esmirna simplificado na concepção de tapetes de trapilho.



Com o intuito de promover e dar a conhecer não só as aptidões dos alunos, que cooperaram na realização desta exposição, como tornar público os trabalhos desenvolvidos na disciplina, os mesmos emanaram grande qualidade.
Onde há arte há encanto!

Cláudia Martins, In World Peace Journal

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Trilho Buraco de São Pedro

No passado mês de Abril realizei mais um dos meus trilhos, desta vez: o trilho Buraco de São Pedro, Fenais da Luz, São Miguel, Açores.

Para chegarmos até ao destino percorre-se cerca de uns 2 ou 3 km de caminho de terra onde somos acompanhados pelo mais belo som do mar e as mais belas cores que a natureza nos oferece.

A meio do percurso encontramos uma pequena Ermida - Ermida de S. Pedro - que se encontrava fechada.

O Buraco de São Pedro, cuja profundida não transparece nas fotografias que publico, é de uma profundidade capaz de provocar vertigens. No seu cerne encontrámos o mar a bater-lhe nas paredes rochochas.

Partilho aqui alguns dos momentos do percurso:








Cláudia Martins, In World Peace Journal

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Em Santa Maria


Com o apoio da Direcção Regional da Juventude (Governo dos Açores) e do Clube Asas do Atlântico no dia 7 de Maio, no Clube Asas do Atlântico, pelas 23:00, apresentei os meus três trabalhos poéticos (Auto-Reflexo, Toque Frágil e Marés de Mim) sendo apresentada por António Pincho.

Agradecimentos:
- José Borges;
- António Pincho;
- Eng. Bruno Pacheco;
- Cristina Guimarães;
- Ana Loura;
- Érica Rodrigues.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Trilho Rocha da Relva

Um dia azul; antes de iniciarmos o trilho da Rocha da Relva parámos no Miradoiro da Vigia – pena não termos avistado uma baleia ou um cachalote, mas ao menos assistimos à queda de um meteorito.
Não conhecia a bifurcação para uma outra Rocha: a Rocha do Cascalho; gafanhotos a copularem apoderavam-se do seu percurso repleto de cascalho. Escorreguei numa descida íngreme no que era um percurso perigoso e sem protecção - por pouco não fiquei a conhecer a vida depois da morte. Um pouco mais adiante: uma derrocada impediu-nos de descer o restante caminho de pedras miudinhas. Decidimos retornar atrás e avançarmos até ao que nos motivou a sair de casa: a Rocha da Relva.

Depois de ultrapassarmos a moradia dos gafanhotos, que tanto simpatizaram com a minha cara ao ponto de nem a largarem, não resisti em degustar umas vermelhinhas e apetitosas groselhas. Espantalhos a protegerem as vindimas e as plantações decoravam o cómodo, mas íngreme, caminho.

Uma fonte com uma frescura de água saciou-nos a sede e deixou-nos com um sorriso ao lermos a sua mensagem.

O nosso destino assemelhava-se a uma qualquer Fajã da Ilha de S. Jorge. Pouco habitada mas tão cheia de vida. Um altar elevado em honra de uma Santa: Nossa Senhora dos Anjos – a padroeira da minha freguesia.



- São turistas? - Atropelou-me um senhor de média idade.

- Turista da Fajã de Baixo! - respondi-lhe com um sorriso.

Iniciamos uma breve conversa onde o jovem senhor teve a oportunidade de manifestar o seu contentamento em saber que nos interessamos por conhecer aquela peculiar zona da ilha. Confessou-nos que aquele dia era dedicado às vindimas e que o faziam para a tradição não se perder.

Dediquei alguns minutos a uns burrinhos que pastavam por aquelas terras. A primeira que contactei tinha uma espécie de rede a envolver-lhe os olhos. Intrigou-me por colocar-me, por instantes, no seu lugar e tentar imaginar como estaria a ver-me naquele momento. O seu dono, entretanto, apareceu e ao ver-me interessada no seu animal aproximou-se e retirou-lhe a venda dos olhos. Acariciámo-nos com o nosso olhar.

Outro era impedido, por um muro de pedras, de de mim se aproximar. Mas tinha de conseguir tocar-lhe. Estava afastado e entretido a comer. Estiquei o meu braço apontando na sua direcção como o chamando para junto de mim. O certo é que o burrinho tudo abandonou e, de forma mágica, veio ao meu encontro e rendeu-se às minhas carícias. Regressei à estrada cheia e com um sentimento inefável no coração - ágape era o que me segredava a alma.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Trilho Fonte do Sapateiro

E finalmente, numa fase de acalmia, realizei mais um trilho na minha ilha (São Miguel - Açores, Portugal) na companhia do meu namorado e futuros afilhados.
Junto da Igreja dos Ginetes, assinalado, encontrámos uma placa alusiva ao Trilho Fonte do Sapateiro, pela manhã, com cerca de 3km (segundo o site de trilhos).

Com o bastão na mão, entusiasmados, seguimos as setas (amarelas e vermelhas), que por vezes não assinalavam marcos importantes ao longo do percurso - o que nos levou a duvidar de certos rumos que tomámos, mas lá acabávamos por encontrar o sinal ansiado tanto em troncos de árvores como em pedras no chão.
O percurso assemelha-se a uma mata por desbravar e um tanto poluída, infelizmente.
Decidi ser a líder do grupo, como sempre, o que é um factor curioso e caricato tendo em conta que sou um desastre em orientação; não sou o que se chama de exemplo em liderança de trekking - premissa que foi aprovada, a quando de uma descida íngreme, quando preguei fogo nos pés e atrevi-me a descer em passo acelerado com o intuito de afastar-me dos meus companheiros para esconder-me algures e aprontar-me para roubar-lhes um susto (de tão habituados, só se riram ao invés de se assustarem. Ando a perder qualidades...)

Ao chegarmos ao ponto fulcral de todo o passeio pedestre - um portal abandonado convidava-nos a entrar no seu seio. E lá estava a fonte do Sapateiro. Local este que nos fez fantasiar e criar possíveis histórias que eventualmente pudessem ter ocorrido por lá em tempos remotos.

Sugeri uma extensão do nosso trilho até à vista do Rei nas Sete Cidades, seguimos adiante mas a chuva, que fez questão de nos acompanhar, fez-nos recuar devido às condições do caminho íngreme e lamacento.
Com o estômago a reclamar, optámos por almoçar dentro de um coreto da freguesia que se encontrava seco no seu interior.

Enquanto atacávamos as nossas sandes que serviram de almoço fomos interrompidos por uns miúdos que gritavam pela nossa atenção.

-Senhores, senhores! - levantei-me para os observar. - Os senhores mandam naquilo? - questionaram-nos apontado para um tentador pula-pula.

-Não queridos!

-Mas podemos ir para lá?

-Não sei, acho que eles estão a encher.

-Nós vamos para lá, aquilo não vai arrebentar.

-Vocês que vaiem que depois de comer vou lá ter com vocês! Só espero é não o rebentar - Prometi-lhes a sorrir.


- A senhora faz um mortal comigo?

- Ouh, já não sei fazer essas coisas... Tens de me ensinar!

Realmente as crianças enchem-nos de vida; antes de partir um dos miúdos veio-me perguntar o meu nome.

-Nunca vi o interior de um farol! - afirmei ao fim de uns minutos de caminhada quando nos aproximávamos do Farol dos Ginetes.

- Eu também não. - Afirmaram os meus companheiros.

- Tem ali um sino! - alertou-me a minha amiga Ana Sofia.

Com cuidado, para não assustar a Carlota que antes me tentou beijar, toquei esperançosa o sino. A Carlota que se concentrava naquele momento em apanhar banhos de sol nem ladrou.
Minutos depois emerge uma jovem fardada da Marinha.

- Boa tarde, podemos visitar o Farol? - questionei-a

- Sim, claro.

Depois de uma visita guiada pelo interior do Farol dos Ginetes ficávamos a saber que não há faróis iguais espalhados pelos cantos do mundo - cada um tem a sua característica peculiar que o distingue de todos os restantes.

Realizados rumámos até ao miradouro da Ferraria pela Rua de Sabrina, já no miradouro visualizámos as Termas da Ferraria. Olhei o mar e tentei imaginar a ilha de Sabrina, que por pouca consistência, afundou-se poucos dias depois da sua formação - fruto de uma erupção submarina. Lendas a envolvem como a de estar subterrada por baixo de uma ilha dos Açores de nome masculino e num futuro, quiçá próximo, esta ilha de nome masculino irá afundar-se para dar-lhe lugar.

domingo, 17 de abril de 2011

“Sou apologista da arte pela arte e não da arte ao serviço de causas”

Emanuel Carreiro, um dos pioneiros na comunicação televisiva açoriana, reconhece ser frontal e directo; deu-nos a conhecer o seu lado artístico e aventureiro.

Todos os quadros que produz, encerram em si emoções e sentimentos fáceis de se diagnosticar?
Partindo do princípio de que “Quem pinta, retrata-se” e do que alguém escreveu num jornal a meu respeito -"Já nos habituámos à expressão serena dos seus quadros que revelam o prazer de pintar e nos transportam a uma realidade calma que o artista nos comunica nas suas obras.", isso será, em boa parte, verdade.

É apologista de mensagens subliminares?
Se a minha pintura transmite mensagens subliminares, isso acontece acidentalmente, não é intencional. Sou apologista da arte pela arte e não da arte ao serviço de causas (tal como no jornalismo que pratico). Isto, aliás, está de acordo com a minha maneira de ser – frontal e directo, às vezes inconvenientemente frontal, reconheço.

E na pintura é, por vezes, inconvenientemente frontal?
Bem! Até agora não pintei nenhum nu, mas conto lá chegar…

A sua veia artística foi educada ou é um gene natural como o simples respirar?
As duas premissas são verdadeiras. Se a propensão para nos exprimirmos plasticamente é genética, bem como o fascínio pelas formas e pela cor, a capacidade de bem observar e reproduzir foi e, convém que seja, educada. Isto já para não falar na necessidade do conhecimento das técnicas e dos materiais que se utiliza, claro.

“A tragédia que deve ser um pintor perder a visão...”


Para si qual é a espada mais poderosa: uma caneta, um microfone ou um pincel?
Há vozes que arrastam multidões, textos que são revolucionários e pinturas que denunciam ou imortalizam situações. Qualquer forma de expressão, não esquecendo a musical e a teatral, são boas para servir uma causa. A pior é mesmo a da força das armas.

Já se desafiou, alguma vez, a pintar de olhos fechados?
Não, nem nunca tinha pensado nisso. Essa questão confronta-me com a tragédia que deve ser um pintor perder a visão, um cantor perder a voz, um músico perder a audição. Nem quero pensar nisso…

Como definiria o seu ponto de sensibilidade artística?
Bem, esta é daquelas perguntas a que não deve ser o inquirido a responder mas, no entanto, numa escala de pequena, média e grande, atrevo-me a defini-la de média para não ofender ninguém.

Sendo uma figura pública e exposta à sociedade, existe na sua vida espaço para a aventura? Partilha alguma connosco?
Bem, há aventuras e aventuras; pequenas aventuras, que não passam de anedotas, e grandes aventuras em que se arrisca a vida ou a credibilidade. Em ambas andei metido, tal como todos nós.
Das pequenas aventuras destacaria aquela em que internado no hospital não resisti a ir fumar um cigarrinho à casa de banho, mesmo atrelado ao tripé do balão de soro. Estava eu a “chutar-me” quando o cigarrinho me cai da mão e rola por baixo da porta para o corredor, entrei em pânico! Abri a porta e corri pelo corredor fora sempre atrelado ao tripé do balão de soro atrás do cigarrinho que, impelido por uma misteriosa corrente de ar, insistia em não o deixar apanhar. Imaginem a cena, eu uma figura pública!
Das grandes aventuras destacaria duas: a guerra de África onde, durante dois anos, fui atirador de infantaria e saí ileso, até mesmo de uma emboscada à queima-roupa, e as Reconstituições Históricas dos Açores (o projecto que até hoje me deu mais prazer realizar) em que contratei uma nau e uma caravela, três grupos de teatro, dois grupos musicais, cem figurantes, uma ceia para cem pessoas e saí de tudo isso sem dever um cêntimo a ninguém!

Comente esta citação de Samuel Butler: Toda a obra de um homem, seja em literatura, música, pintura, arquitetura ou em qualquer outra coisa, é sempre um auto-retrato; e quanto mais ele se tentar esconder, mais o seu caráter se revelará, contra a sua vontade.
Bom, cada um tem o seu próprio género e estilo. No meu caso, sou figurativo com um estilo próprio, embora denote influências. Não me imagino a fazer pintura abstrata e a pintar paisagem ou retrato no estilo de Urbano ou Carlos Carreiro. Tenho tentado abstratizar os meus quadros mas acabo sempre por cair no pormenor, no figurativo. É a minha natureza, como diria o escorpião…

Cláudia Martins, In Açoriano Oriental, 17 de Abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

X Romaria Santa Clara 2010



Pelo 10º ano consecutivo a Paróquia de Santa Clara organizou mais uma Romaria feminina; as Romeiras são mulheres de fé que, no tempo quaresmal, percorrem mais de 20km ao longo da ilha de São Miguel.
Depois de alguns encontros de preparação celebra-se uma missa de Confissões Comunitárias e no dia da pequena peregrinação celebra-se uma Eucaristia de bênção, esta que decorre ás 5h da manhã.
Com pouco mais de 3h de sono - ás 6h da manhã - iniciei a minha caminhada ao lado de mais de 800 mulheres de várias freguesias da ilha.
O acto de romaria é uma tradição que se mantém viva, há várias gerações, nas ilhas açorianas, em especial, mais enraizada, na ilha de São Miguel.

Cláudia Martins, World Peace Journal, 4 de Abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

“Serei, de certeza, muito melhor post mortem”

Ex-Ricardo Depinho Teixeira percorreu, desde muito cedo, o caminho dos seus sonhos; hoje, além de editor há mais de dez anos, é músico e poeta.

Ex-Ricardo: Ex de exemplo a seguir ou de algo que deixou-se de ser?
A analogia com "exemplo" nunca foi pensada. Talvez alguns se identifiquem com a mesma. O que me deixa, como é óbvio, feliz. O "Ex" tem que ver com a forma como me assumo: ainda não sou eu e já não sou eu. Sou um véspera de mim próprio.

Sente-se um vindouro?
Sinto-me um vindouro em parte. Outra metade diz-me que sou um homem do meu tempo.

Neste palco, que é a vida, muitos são-lhe os aplausos?
A vida é feita de vitórias e derrotas. Algumas das minhas vitórias foram de facto enormes, diminuídas talvez por o Porto (a minha cidade de abrigo) não ter o mediatismo de Lisboa.
Factos de que me orgulho: ser o mais jovem editor de todos os tempos em Portugal, ser o autor dos "maços de poemas" (provavelmente o maior best seller de Poesia de todos os tempos no nosso país), ser pioneiro no Word Song, ser pioneiro nos ebooks e na internet.

Percorreu o caminho dos seus sonhos muito precocemente e foi o pioneiro em várias das suas conquistas: aos olhos de outros, como acha que estes lidaram com o seu progresso e sucesso?
O mundo é dos que sonham, mas raramente os que sonham são acompanhados pelos do seu tempo. Como qualquer bom português: serei, de certeza, muito melhor post mortem.

Na sua opinião como editor: quais os maiores entraves no lançamento de um novo artista?
Vivemos num mundo "matrix". O que não passa na TV é como se não existisse. Isso aplica-se muito à arte também.
Sem "tempo de antena" torna-se muito dificil ao artista "Aparecer" ou "explodir". Temos um país de enormes talentos. Mas repare-se por exemplo na rádio: somos o único país ocidental que se despreza a si mesmo. O que vem do estrangeiro é sempre melhor.

Não sou apologista de rótulos mas, como editor, chegam-lhe muitos artistas açorianos ?
Lido essencialmente com novos autores. Têm-me chegado bons livros dos açores, alguns dos quais editei. Os açores não fogem à regra de todo Portugal: somos de facto um país de pessoas com muito talento.

.O mundo é dos que sonham, mas raramente os que sonham são acompanhados pelos do seu tempo

No meio disto tudo como nasceu a Corpos Editora?
A Corpos Editora surgiu após o lançamento do meu 1º livro "Best of". Após esse primeiro caminho, não havia volta a dar. Era algo a fazer. Não tinha escolha.

Como poeta e músico: quais as facetas que tenta revelar aos seus admiradores?
A mensagem que tento deixar é simples: sejam vós mesmos; ultrapassem-se a vós mesmos. Não caiam no facilitismo. Sejam originais. Deixem a vossa marca no mundo, nem que seja apenas na vossa rua.

Qual é a sua máxima de vida?
São várias as máximas com as quais me identifico. Aqui deixo uma: "Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar." Nietzsche

Complete a frase: A vida é como...
...uma corrida de 100 metros (infelizmente).

Comente esta citação de Samuel Beckett: Todos nascemos loucos, alguns continuam sempre assim.
A loucura faz parte da condição humana. A razão é essencial mas apenas à sobrevivência. A mesma visa apenas: segurança, comer, beber,dormir e reproduzir no máximo conforto. Sem a loucura não teríamos a arte, a religião,...
Actualmente, estamos a viver dias de cerco a essa loucura. A sociedade actual está a tentar criar-nos fronteiras invisíveis do que os lideres consideram de "normalidade". Vivemos dias de terrorismo do colectivo ao indivíduo.

Cláudia Martins, Açoriano Oriental, 3 de Abril 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

“A Patrícia é enérgica, persistente e convicta nos seus propósitos”

Patrícia Carreiro é uma jovem formada em Comunicação Social e Cultura pela UAC e coordenadora local do Projecto EscreVIVER (n)os Açores

Quando desafiada a falar-nos um pouco de si, não hesitou em definir-se como “uma pessoa muito sensível ligada à literatura e à comunicação social. A Patrícia é enérgica, persistente e convicta nos seus propósitos. No fundo, é uma pessoa simples.”

Em 2009, esta jovem sensível, tal como se define, deu-nos provas no mundo do romance com A Distância que nos Uniu; obra que contou com o apoio do Governo Regional dos Açores e da Junta de Freguesia de Covoada, “terra que me viu nascer e a quem muito agradeço”.

“Escrevi este livro em 2005, tinha sensivelmente vinte anos. Escrevi-o, inicialmente, por desporto, só depois de uma conversa com uma colega minha é que floresceu a ideia de escrever um livro à séria.

Em 2008, comecei a colocar as coisas em prática e avancei com a publicação do romance que passou na selecção das obras das Edições Macaronésia.” Apesar de já ter publicado um livro e de dedicar grande parte do seu tempo livre à escrita, este talento, confessou-nos ser ainda uma aspirante a escritora: “Ainda tenho muita coisa para percorrer!”

A Patrícia Carreiro mostrou-nos ser uma mulher de garra e ambições: “Tenciono, futuramente, escrever romances históricos, pois gosto imenso de história e de romances. Mas claro, tenho a noção das implicações e do trabalho que um romance histórico traz.

Vou trabalhar para isso.” Outro ponto curioso do seu romance é a simbologia da capa que lhe dá o rosto, o facto de este ser representado por uma ponte “a ponte leva-nos a alguém, une-nos a alguém. Se uma pessoa estiver num lado da ponte e a outra no outro, elas estão distantes. Se uma delas atravessar a ponte, estão unidas. Está tudo relacionado com a união. A capa, fotografada pelo Manuel Silva, saiu exactamente como imaginei. Adorei o trabalho dele”.

Actualmente, o talento deste mês, colabora com o jornal Açoriano Oriental, Tribuna das Ilhas , As Flores e com a Revista Comvida das Portas do Mar. É, ainda, membro activo da Associação Ilhas em Movimento (AIM) e coordenadora local do projecto EscreVIVER (n)os Açores. Já estagiou na RTP e na RDP Açores e mantém activo, há dois anos, um blogue pessoal, onde podem acompanhar o seu percurso e a sua dedicação à arte das letras: http://patriciacarreiro.blogspot.com.

Fala-nos de como chegaste até ao Pedro Chagas Freitas e de como te tornaste na coordenadora local do projecto EscreVIVER (n)os Açores.
A minha viagem até ao Pedro Chagas Freitas foi um mero acaso. Andava eu à procura de cursos online sobre escrita criativa quando dei de caras com o site do Pedro. Então, depois de muito falarmos, chegámos à conclusão de que o projecto EscreVIVER deveria ser alargado para os Açores. Como ele estava no Continente, era preciso alguém que coordenasse o projecto e como a iniciativa de o contactar tinha partido de mim, outra coisa não seria de esperar senão transformar-me na Coordenadora Local do EscreVIVER (n)os Açores. A ideia foi automaticamente bem aceite por mim e pelo Pedro, pelo que arregaçámos mangas e fomos ao trabalho.
Começámos a organizar formações e aqui estamos: prontos para continuar um projecto criativo nos Açores.

És membro activo da associação ilhas em movimento, fala-nos de algumas acções de sensibilização em que participaste e que foram gratificantes para ti.
A Associação Ilhas em Movimento - AIM - é um projecto que muito valorizo. Já desevolvemos grandes acções, por muitos elogiadas,e que são motivo de orgulho para nós. Um dos momentos mais interessantes foi a realização da concentração contra o abuso sexual de crianças em Março de 2010, nas Portas da Cidade. Foi um momento memorável na nossa história. Outro ponto alto para mim está a ser a participação directa do I Concurso Literário Letras em Movimento, no qual sou júri. Está a ser muito interessante.

És uma mulher aventureira?
Não sou assim uma mulher tão aventureira. Sou mais de desafios. No entanto, tive grandes aventuras enquanto membro da TAUA - Tuna Académica da Universidade dos Açores e com o Grupo de Jovens Raios de Esperança da Covoada, desde caminhadas a meio da noite para chegar a casa, até a passeios pela ilha sem se saber exactamente onde se estava. No fundo, senti-me viva nestes momentos! Não tenho loucuras à Cláudia Martins, não, destas não consigo ter!

In Açoriano Oriental, 20 de Março de 2011,Cláudia Martins

sexta-feira, 18 de março de 2011

A mulher do Branco

Ontem à noite, depois de terminar o meu trabalho de recenseamento, por volta das 22h, dirigi-me normalmente para casa; o meu percurso até casa, para ser mais rápido e cómodo, inclui atravessar a Canada do Espírito Santo.

Ao atravessar a tal canada, que estava surda de gente, atrevi-me a olhar para trás e, supostamente, observei uma idosa com um casaco preto pela cabeça; os seus passos pertenciam a uma pauta muda.

O que fiz?
Reduzi os meus passos e olhei, de novo, por duas vezes, para a idosa que se fazia afirmar como a minha dupla sombra - ligeiramente afastada, mas perto do próximo de mim.
Não, ela não se aproximou; dela nada se escutou, também.

O meu passo reduzido, acompanhado, para além da idosa, da falta de iluminação na canada:
- Vizinha, aquela velha! - enunciou-me um vizinho, assustando-me.

Olhamos para trás e a idosa tinha desaparecido numa canada repleta de casas em banda. Desapareceu, simplesmente, sem o som de uma porta se abrir ou se fechar.
O vizinho confessou-me que todos os dias se deixava ficar pela porta da sua casa até por volta da meia noite e que nunca tinha visto aquele ser misterioso por lá.

Desapareceu. Desapareceu sem qualquer som, sem qualquer contacto comigo. Nunca consegui ver-lhe o rosto, apenas um cigarro acesso nos lábios.

- Era a mulher do branco! - afirmou-me, a certa altura, o conterrâneo.
- O quê?! - Vejo saltar do sofá a mulher do vizinho. - Uma alma do outro mundo! - Afirmou-nos convicta a vizinha de mãos no rosto.
- A mulher do branco? Isto é alguma expressão ou é a mulher de algum vizinho? - pergunto-lhes.
- A vizinha não sabe? É uma feiticeira, uma bruxa! Eu vi-a sempre atrás da vizinha e fiquei sempre de olho nela caso ela lhe fizesse alguma coisa...

Enfim, acontece-me cada uma.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Escrever pode ser considerado um acto de "traição permanente"

Pedro Chagas Freitas, o Mourinho da escrita, é um escritor premiado e com dezenas de obras publicadas. Chega aos Açores em Força com o seu projecto EscreVIVER.


Sente-se um escritor fiel aos defeitos humanos? É esse o objectivo da sua escrita: a fidelidade aos nossos defeitos?
Sou um escritor fiel à infidelidade. Escrever é uma traição permanente. Escrever é ser muitos. E ser muitos é ser agora o que no momento seguinte parece impossível de ser. Escrever é um defeito que produz efeito: um defeito útil. Talvez o defeito mais útil do mundo. Ter a possibilidade de fazer vida de um defeito e de ensinar os outros a encontrarem utilidade nesse defeito é um mistério tremendo para mim. Mas é, mais ainda, uma grande felicidade: uma bênção que, todos os dias, agradeço. Por falar nisso, aqui vai mais uma: obrigado.

Gosta de ser chamado pelo epíteto de "o Mourinho da Escrita"?
Não tenho de gostar ou de não gostar. Mas se há algo que me deixa feliz na comparação é isto: trabalho como um cão para ser o melhor, para conseguir fazer o que mais ninguém faz. E, nisso, sou exactamente igual a ele. Nisso e na barba sempre por fazer – mas isso é apenas porque tenho uma pele de cocó, que sempre que se lhe coloca uma lâmina em cima parece que se desfaz em papas. No fundo, é isso: se ser o Mourinho da escrita é ser um gajo que se esfalfa que nem um desgraçado, que passa os dias a pensar na melhor forma de escrever, na melhor metodologia para fazer escrever melhor os outros, nas melhores soluções para chegar a algo realmente vencedor e único, então, sim, não há que duvidar: eu sou esse gajo.

Já admitiu ser um apreciador de paisagens humanas. Atrai-lhe mais: pessoas semelhantes ou diferentes de si?
Gosto de ver pessoas. De olhar, sim – mas sobretudo de as ver. E são coisas completamente diferentes. Recordo-me de que, nos meus tempos de faculdade, saía muitas vezes sozinho de casa para ver pessoas. Nada mais do que isso: sair para a rua para ver pessoas. Era como que uma precisão biológica: uma necessidade tão forte como comer ou beber. Atrai-me, por isso, pessoas – as tais paisagens humanas. Podem ser diferentes ou semelhantes. Mas todos sabemos que, na realidade, não há semelhanças entre seres tão iguais como os humanos.

Qual foi a sua maior loucura?
Acreditar que seria capaz de responder a essa pergunta sem ser louco. Mas sou: incondicionalmente louco. Sou pelo direito à loucura. Sou contra qualquer tipo de sistema – o que faz com que seja esse, no fundo, o meu sistema. E ser regido por esse sistema é, sem dúvida, a minha maior loucura. Por mais louco que possa parecer.

“O resto é viver com a arte dentro”

Para si o prazer e a demência são irmãos?
O prazer só é prazer quando é demencial: quando se faz do que não se agarra com a razão, quando se faz do que não se vê com o olhar. Por isso, não diria que são irmãos – diria, isso sim, que são amantes: amantes loucos. Melhor ainda: amadores – verdadeiros profissionais do amor. Sem demência não há prazer – mas também não é menos verdade que a demência não é, em regra, prazer algum. A demência alimenta sem alimentar: é uma triste. Ser demente é uma loucura – essa é que é a verdade.
Como foi alargar o projecto EscreVIVER até aos Açores?
O projecto escreVIVER é, por filosofia, um projecto on tour – um projecto que quer, e tem percorrido, vários pontos do país. A ideia é colocar o país a escrever melhor, a pensar melhor, a ser capaz de estruturar melhor as suas ideias e a transmitir melhor as suas mensagens. Nesse sentido, chegar aos Açores foi um passo de gigante – um passo que me fez chegar a um local onde fui capaz de enriquecer e de ser enriquecido pelas pessoas; um local de paisagens humanas absolutamente brutais – que me levaram para fora de mim para voltar, depois, mais eu do que nunca.

Comente esta citação de Thomas Edison: A genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração.
A genialidade é a mais genial das invenções humanas. A genialidade foi inventada por um preguiçoso que queria justificar a sua preguiça. A genialidade é pegar no nosso corpinho e na nossa cabecinha e ligá-la aos nossos sentidozinhos. O resto é trabalho. É insistir, é doer, é fazer doer, é berrar, chorar, gritar, gemer, rir. O resto é viver com a arte dentro. É assim que se faz genialidade. E isso de genial não tem nada.

Cláudia Martins, Açoriano Oriental, 14 de Março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Faz-Te Poeta: Workshop de poesia



http://www.cm-ribeiragrande.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1968%3Aworkshop-de-poesia-a-19-de-marco-na-ribeira-grande&catid=64%3A1o-destaque-hp&lang=pt

Levar os jovens a gostar e a escrever poesia são os grandes objectivos de um workshop, a ter lugar no dia 19 de Março, no Teatro Ribeiragrandense. A iniciativa é da Biblioteca Municipal, em parceria com o projecto “EscreViver (n)os Açores”.


Ribeira Grande, 2 de Março – A Biblioteca Municipal da Ribeira Grande promove, no dia 19 de Março, um workshop de poesia, numa parceria com o projecto “EscreViver (n)os Açores”.
O workshop tem lugar no Teatro Ribeiragrandense e destina-se a adolescentes e jovens, entre os 11 e 15 anos, que amem as palavras. A iniciativa pretende despertar nos adolescentes e jovens os poetas do passado e contemporâneos; fazê-los escrever prosa e poesia e a recitar e a interpretar os poemas. Ao fim ao cabo fazê-los poetas.
A formação tem a duração de quatro horas, das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 16h30. Está a cargo de Patrícia Carreiro, formada em Comunicação Social e Cultura, pela Universidade dos Açores e Cláudia Martins, estudante de Comunicação Social e Cultura, na Universidade dos Açores.
As inscrições estão abertas, sendo limitadas a 15 participantes e com um custo de cinco euros. Podem ser feitas na Biblioteca Municipal da Ribeira Grande, por telefone 296 474 357 ou endereço electrónico bibliotecamunicipal@cm-ribeiragrande.pt

Workshop de poesia
Data: 19 de Março
Hora: Formação: 11h às 13h e das 14h30 às 16h30.
Entrega de certificados e a apresentação de trabalhos - das16h30 às 17h30.
Local: Teatro Ribeiragrandense


Texto e foto: Ana Paula Fonseca, Assessora de Imprensa da Câmara Municipal de Ribeira Grande
afonseca@cm-ribeiragrande.pt

Foto @ Google

sexta-feira, 4 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

“O que me dá prazer mesmo, é a sintonia com a vida.”

Gonçalo Cadilhe faz da sua vida uma constante viagem, é um escritor viajante de profissão. “O Mundo é fácil” é o seu último livro; em breve será apresentado na nossa ilha.

Licenciado em Gestão de empresas, Gonçalo Cadilhe, abandonou o seu emprego e começou a viajar sozinho; da Figueira da Foz abriu as portas para o mundo e muitas noites o céu foi o seu melhor tecto, o mais bonito.
A par da sua carreira de viajante profissional, o Gonçalo, é músico e surfista.
Já colaborou com variadissimas revistas como a “Grande Reportagem”, a “Elle” e o “Independente”. Actualmente, colabora com o “Blitz”, a “SurfPortugal” e com o “Expresso”.
Em 2002, em 19 meses, realizou a sua primeira viagem à volta do mundo, tendo como opção: a recusa de transportes aéreos.


Depois de tantas viagens, onde é o seu lugar?
Sinto-me bem a trabalhar para mim, entusiasmado com as tarefas que me auto-proponho. Para um cronista de viagens, um projecto profissional significa andar pelo mundo. Diria que o meu lugar é em qualquer parte que resulte da minha vontade, da minha programação, dos meus estímulos intelectuais de estar lá. O meu lugar é o Estreito de Magalhães se o projecto for a biografia de Magalhães (que deu origem ao livro "Nos Passos de Magalhães"); ou então é uma estrada de pó no Congo se o projecto for atravessar o continente africano sem recorrer ao transporte aéreo (que deu origem ao livro "África Acima") ou o Laos e a Birmânia, se o projecto for revisitar os sítios descritos na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (que é onde me encontro agora (MARÇO/ABRIL)

Dá-lhe mais prazer: perder-se ou encontrar-se?
Ah ah, depende do que encontro quando me perco e do que se perde quando me encontro. O que me dá prazer mesmo é a sintonia com a vida, é estar no sítio certo no momento certo, essa coisa de olhar por acaso para um relógio digital e ver que as horas perfazem uma capíuca perfeita, tipo 14.41, e pensar que é o destino a piscar-me o olho. Imagine que frustração perder-me quando devia encontrar-me e vice-versa.

Qual o melhor de se estar perdido e o pior de se estar a encontrar?
E porque não o contrário? Ou seja: "Qual o pior de se estar perdido e o melhor de se estar a encontrar?". Tudo tem o seu lado positivo e negativo, a velha história do copo de agua meio cheio ou meio vazio. Tem a ver, repito, com termos ou não a noção que estamos em sintonia com a vida. É um estado mental.

“Não partir porque pode ser perigoso? Não, vai na mesma...”
O mundo é um animal domesticável? Se sim, qual o melhor truque para o domesticar?
O mundo, tal como a quantidade de sal na água da panela ou o lastro necessário para equilibrar o navio, controla-se melhor com a experiência. Ajudam bom-senso e intuição, mas só o tempo, os anos, os quilómetros, podem permitir essa certa tranquilidade de atravessar uma fronteira com um sorriso de antecipação. O truque é portanto, o tempo, a rodagem.

Comente esta citação: "Não temas aonde tens que ir, porque irás morrer onde deves."
É mexicana, vem dessa cultura com vários substratos e acoplamentos, uma cultura inaugurada de um modo trágico e sangrento, a rendição incondicional de um império meso-americano a meia dúzia de espanhóis barbudos só porque "estava escrito nas profecias". Essa dimensão de fatalidade, que é também muito portuguesa, pode ser útil para um aspirante a viajante se auto-convencer a enfrentar os perigos da viagem. Não partir porque pode ser perigoso? Nah, vai na mesma, se tiver que acontecer, tanto faz estares lá como teres ficado cá.

Onde gostava de envelhecer?
Num clima seco e ameno que não permitisse o avançar do reumatismo e das artroses (risos).

Qual a sua regra de segurança?
A minha regra básica de segurança, quer esteja a atravessar o Afeganistão, quer esteja a apanhar o metro em Nova Iorque, vem do bom senso popular: “Em terra onde estiveres, faz como vires fazer.

Cláudia Martins, IN Açoriano Oriental 21 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

“Adorava escrever um livro baseado nas minhas raízes Açorianas!”

Lisa Furtado, de mochila às costas, estreia-se no mundo do romance com "Her Apparittions & Other Human Longings", uma obra baseada em factos reais.


Lisa Furtado é filha de pais micaelenses e irmã mais velha da cantora, internacionalmente conhecida, Nelly Furtado; reside em Taiwan, República da China, onde exerce a sua profissão de docente na disciplina de Inglês.
A história do seu romance, com base verídica, é focada nos desvaneios psicológicos e lembranças de Fátima - uma mulher que se encontra internada num hospital psiquiátrico no Vietnam, nos anos 80. Em jovem, Fátima, abandona o lar dos seus pais, na América do Médio Oriente, para dar rumo ao seu sonho de concluir os seus estudos académicos; ao apaixonar-se por um homem vinte anos mais velho, Laurence - um professor de Arte, muda-se para o continente Asiático onde é confrontada por um vasto leque de aventuras.
“Falo sobre Fátima, Portugal, e os seus milagres no meu livro .” - Sublinou-nos a própria escritora que teve de viajar para elaborar o seu projecto literário.
Quando questionada se num futuro próximo gostaria de escrever um livro relacionado com os Açores, onde em criança visitava por dois meses de dois em dois anos, Lisa responde com muito entusiasmo: "Um dia adorava escrever um livro baseado nas minhas raízes Açorianas!Sou fascinada pela história açoriana, nomeadamente, a do início dos anos 30 até aos anos 60. Muitas vezes fico a pensar como seria viver em São Miguel durante aquele tempo. É um mistério para mim, pois a história da minha família contêm, durante esse período de tempo, algumas lacunas. "
Actualmente, esta luso-canadiana, têm estado a aprender budismo no mosteiro/templo de Fo Guang Shan em Kaohsiung, na Tailandia. "Lá estou a aprender meditação e Caligrafia Chan e Sutra". É ainda directora de vendas de uma loja online de nome "Stars Rockets & Unicorns". Onde "somos uma oficina que cria roupas ao critério do cliente. Temos clientes de todo o mundo. Produzimos roupa personalizada de excelente qualidade, sem os preços elevados. O céu é o limite! Onde podemos criar a sua fantasia de moda."
Lisa Furtado diz, ainda, não se querer deixar ficar por aqui, pretende escrever muitos mais livros e conseguir a tradução do seu primeiro romance "Her Apparittions & Other Human Longings" para português.
Na internet os seus fãs e leitores já estão organizados através de um fórum e o seu romance está à venda na Amazon na sua versão original, ou seja, em inglês.

“Eu imploro por experiências e pessoas incomuns.”

Porque decidiste ir viver para Taiwan?
Desde criança que sempre me quis afastar do Canadá, Victoria. A cultura asiática sempre me atraiu, na verdade todas as culturas. Eu imploro por experiências e pessoas incomuns. Gosto de estar perto de pessoas muito diferentes de mim.

Gostas de estar com pessoas diferentes de ti: tenta, então, definir uma pessoa diferente de ti.
Uma pessoa diferente de mim é aquela que me ajuda a ver uma parte de mim que já esqueci, mas que preciso de examinar...

Qual a tua maior aventura?
A minha maior aventura foi viajar sozinha para o Machu Pichu no Perú. Caminhei 10h por dia, durante três dias no trilho Inca - foi a minha melhor experiência. Depois de realizar esta viagem: não tinha medo de morrer e senti uma forte conexão com o meu espirito e Deus.

Nasceste e cresceste no seio de uma família muito ligada à música: escondes-nos algum dote musical?
Eu gosto de dedilhar no meu violão e de fazer músicas engraçadas sobre o que me rodeia.

Como evoluí a tua espiritualidade?
Visitar os lugares sagrados do mundo tem sido uma das minhas paixões, a minha evolução espiritual evolui muito mais rapidamente deste modo.
Também estive em Ankor Wat, Camboja, um sitio muito espiritual e mágico. São pontos no mundo muito intensos e de uma pura energia.
O próximo lugar onde quero ir é a Sedona, Arizona. Tenho tido sonhos em que devia visitar o Grand Canyon nos Estados Unidos e quero, muito, meditar naqueles gigantes precipícios vermelhos e pedregulhos à minha volta. Quero, também, falar e conhecer professores de lá para aprender mais. Serei sempre a professora e a aluna.
Nesta primavera irei ser uma instrutora certifica de Hatha Yoga e professora de Reiki. Adoro estar com os meus professores que são muito diferentes de mim, porque têm anos e anos de sabedoria e conhecimento...
A paz mundial começa do interior.

Cláudia Martins, Açoriano Oriental, 20 de Fevereiro de 2011