quinta-feira, 5 de maio de 2011

Trilho Rocha da Relva

Um dia azul; antes de iniciarmos o trilho da Rocha da Relva parámos no Miradoiro da Vigia – pena não termos avistado uma baleia ou um cachalote, mas ao menos assistimos à queda de um meteorito.
Não conhecia a bifurcação para uma outra Rocha: a Rocha do Cascalho; gafanhotos a copularem apoderavam-se do seu percurso repleto de cascalho. Escorreguei numa descida íngreme no que era um percurso perigoso e sem protecção - por pouco não fiquei a conhecer a vida depois da morte. Um pouco mais adiante: uma derrocada impediu-nos de descer o restante caminho de pedras miudinhas. Decidimos retornar atrás e avançarmos até ao que nos motivou a sair de casa: a Rocha da Relva.

Depois de ultrapassarmos a moradia dos gafanhotos, que tanto simpatizaram com a minha cara ao ponto de nem a largarem, não resisti em degustar umas vermelhinhas e apetitosas groselhas. Espantalhos a protegerem as vindimas e as plantações decoravam o cómodo, mas íngreme, caminho.

Uma fonte com uma frescura de água saciou-nos a sede e deixou-nos com um sorriso ao lermos a sua mensagem.

O nosso destino assemelhava-se a uma qualquer Fajã da Ilha de S. Jorge. Pouco habitada mas tão cheia de vida. Um altar elevado em honra de uma Santa: Nossa Senhora dos Anjos – a padroeira da minha freguesia.



- São turistas? - Atropelou-me um senhor de média idade.

- Turista da Fajã de Baixo! - respondi-lhe com um sorriso.

Iniciamos uma breve conversa onde o jovem senhor teve a oportunidade de manifestar o seu contentamento em saber que nos interessamos por conhecer aquela peculiar zona da ilha. Confessou-nos que aquele dia era dedicado às vindimas e que o faziam para a tradição não se perder.

Dediquei alguns minutos a uns burrinhos que pastavam por aquelas terras. A primeira que contactei tinha uma espécie de rede a envolver-lhe os olhos. Intrigou-me por colocar-me, por instantes, no seu lugar e tentar imaginar como estaria a ver-me naquele momento. O seu dono, entretanto, apareceu e ao ver-me interessada no seu animal aproximou-se e retirou-lhe a venda dos olhos. Acariciámo-nos com o nosso olhar.

Outro era impedido, por um muro de pedras, de de mim se aproximar. Mas tinha de conseguir tocar-lhe. Estava afastado e entretido a comer. Estiquei o meu braço apontando na sua direcção como o chamando para junto de mim. O certo é que o burrinho tudo abandonou e, de forma mágica, veio ao meu encontro e rendeu-se às minhas carícias. Regressei à estrada cheia e com um sentimento inefável no coração - ágape era o que me segredava a alma.

1 comentário:

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá, gostei do Trilho...Espectacular....
Cumprimentos