sexta-feira, 18 de março de 2011

A mulher do Branco

Ontem à noite, depois de terminar o meu trabalho de recenseamento, por volta das 22h, dirigi-me normalmente para casa; o meu percurso até casa, para ser mais rápido e cómodo, inclui atravessar a Canada do Espírito Santo.

Ao atravessar a tal canada, que estava surda de gente, atrevi-me a olhar para trás e, supostamente, observei uma idosa com um casaco preto pela cabeça; os seus passos pertenciam a uma pauta muda.

O que fiz?
Reduzi os meus passos e olhei, de novo, por duas vezes, para a idosa que se fazia afirmar como a minha dupla sombra - ligeiramente afastada, mas perto do próximo de mim.
Não, ela não se aproximou; dela nada se escutou, também.

O meu passo reduzido, acompanhado, para além da idosa, da falta de iluminação na canada:
- Vizinha, aquela velha! - enunciou-me um vizinho, assustando-me.

Olhamos para trás e a idosa tinha desaparecido numa canada repleta de casas em banda. Desapareceu, simplesmente, sem o som de uma porta se abrir ou se fechar.
O vizinho confessou-me que todos os dias se deixava ficar pela porta da sua casa até por volta da meia noite e que nunca tinha visto aquele ser misterioso por lá.

Desapareceu. Desapareceu sem qualquer som, sem qualquer contacto comigo. Nunca consegui ver-lhe o rosto, apenas um cigarro acesso nos lábios.

- Era a mulher do branco! - afirmou-me, a certa altura, o conterrâneo.
- O quê?! - Vejo saltar do sofá a mulher do vizinho. - Uma alma do outro mundo! - Afirmou-nos convicta a vizinha de mãos no rosto.
- A mulher do branco? Isto é alguma expressão ou é a mulher de algum vizinho? - pergunto-lhes.
- A vizinha não sabe? É uma feiticeira, uma bruxa! Eu vi-a sempre atrás da vizinha e fiquei sempre de olho nela caso ela lhe fizesse alguma coisa...

Enfim, acontece-me cada uma.

1 comentário:

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá, gostei da história...Espectacular....
Cumprimentos