segunda-feira, 25 de abril de 2011

Trilho Fonte do Sapateiro

E finalmente, numa fase de acalmia, realizei mais um trilho na minha ilha (São Miguel - Açores, Portugal) na companhia do meu namorado e futuros afilhados.
Junto da Igreja dos Ginetes, assinalado, encontrámos uma placa alusiva ao Trilho Fonte do Sapateiro, pela manhã, com cerca de 3km (segundo o site de trilhos).

Com o bastão na mão, entusiasmados, seguimos as setas (amarelas e vermelhas), que por vezes não assinalavam marcos importantes ao longo do percurso - o que nos levou a duvidar de certos rumos que tomámos, mas lá acabávamos por encontrar o sinal ansiado tanto em troncos de árvores como em pedras no chão.
O percurso assemelha-se a uma mata por desbravar e um tanto poluída, infelizmente.
Decidi ser a líder do grupo, como sempre, o que é um factor curioso e caricato tendo em conta que sou um desastre em orientação; não sou o que se chama de exemplo em liderança de trekking - premissa que foi aprovada, a quando de uma descida íngreme, quando preguei fogo nos pés e atrevi-me a descer em passo acelerado com o intuito de afastar-me dos meus companheiros para esconder-me algures e aprontar-me para roubar-lhes um susto (de tão habituados, só se riram ao invés de se assustarem. Ando a perder qualidades...)

Ao chegarmos ao ponto fulcral de todo o passeio pedestre - um portal abandonado convidava-nos a entrar no seu seio. E lá estava a fonte do Sapateiro. Local este que nos fez fantasiar e criar possíveis histórias que eventualmente pudessem ter ocorrido por lá em tempos remotos.

Sugeri uma extensão do nosso trilho até à vista do Rei nas Sete Cidades, seguimos adiante mas a chuva, que fez questão de nos acompanhar, fez-nos recuar devido às condições do caminho íngreme e lamacento.
Com o estômago a reclamar, optámos por almoçar dentro de um coreto da freguesia que se encontrava seco no seu interior.

Enquanto atacávamos as nossas sandes que serviram de almoço fomos interrompidos por uns miúdos que gritavam pela nossa atenção.

-Senhores, senhores! - levantei-me para os observar. - Os senhores mandam naquilo? - questionaram-nos apontado para um tentador pula-pula.

-Não queridos!

-Mas podemos ir para lá?

-Não sei, acho que eles estão a encher.

-Nós vamos para lá, aquilo não vai arrebentar.

-Vocês que vaiem que depois de comer vou lá ter com vocês! Só espero é não o rebentar - Prometi-lhes a sorrir.


- A senhora faz um mortal comigo?

- Ouh, já não sei fazer essas coisas... Tens de me ensinar!

Realmente as crianças enchem-nos de vida; antes de partir um dos miúdos veio-me perguntar o meu nome.

-Nunca vi o interior de um farol! - afirmei ao fim de uns minutos de caminhada quando nos aproximávamos do Farol dos Ginetes.

- Eu também não. - Afirmaram os meus companheiros.

- Tem ali um sino! - alertou-me a minha amiga Ana Sofia.

Com cuidado, para não assustar a Carlota que antes me tentou beijar, toquei esperançosa o sino. A Carlota que se concentrava naquele momento em apanhar banhos de sol nem ladrou.
Minutos depois emerge uma jovem fardada da Marinha.

- Boa tarde, podemos visitar o Farol? - questionei-a

- Sim, claro.

Depois de uma visita guiada pelo interior do Farol dos Ginetes ficávamos a saber que não há faróis iguais espalhados pelos cantos do mundo - cada um tem a sua característica peculiar que o distingue de todos os restantes.

Realizados rumámos até ao miradouro da Ferraria pela Rua de Sabrina, já no miradouro visualizámos as Termas da Ferraria. Olhei o mar e tentei imaginar a ilha de Sabrina, que por pouca consistência, afundou-se poucos dias depois da sua formação - fruto de uma erupção submarina. Lendas a envolvem como a de estar subterrada por baixo de uma ilha dos Açores de nome masculino e num futuro, quiçá próximo, esta ilha de nome masculino irá afundar-se para dar-lhe lugar.

1 comentário:

Débora disse...

Oh claudia, gostei tanto do teu texto :)

Beijo